Ter ou Ser: eis a questão
Por Dulci Alma Hohgraefe, educadora e escritora
Este dilema ou questionamento encontramos em muitas reflexões, normalmente como excludentes, isto é, somente podemos optar por TER ou SER. Mas será que são mesmo excludentes ou é possível encontrar um ponto de equilíbrio e/ou comunhão entre eles?
Bem, vamos primeiramente analisar o que é o TER, cujo maior sinônimo e ideia predominante é possuir. Logo vem a ideia de posse de coisas materiais; mas será que não podemos possuir habilidades e virtudes? Se admitirmos essa possibilidade, o TER já amplia consideravelmente seu significado.
E o SER, o que significa para nós? No dicionário encontramos como sinônimos, entre outros, existir e tornar-se. Seguindo este raciocínio, o SER em questão poderia ser entendido como o nosso potencial de vida, aquilo que nos tornamos ou podemos nos tornar nesta existência.
É exatamente este o ponto que quero trazer para reflexão. Se SER significa as potencialidades desenvolvidas, é também TER, pois no momento em que as conquistamos, passam a fazer parte de nós. É aí que o TER deixa de ser exclusivo da materialidade, este conceito arraigado e excludente.
Da mesma forma, muitas vezes podemos ser melhores, aplicando as riquezas que já conquistamos tanto no campo material como nos campos emocional, psicológico e espiritual. O que tenho pode me incentivar e auxiliar a ser melhor, a desenvolver virtudes como a compaixão, solidariedade, empatia, entre tantas.
Quando conseguimos aplicar o TER para somar ao SER, estendendo sentimentos e gestos nobres aos nossos irmãos de caminhada, estaremos alavancando o progresso da humanidade e exercitando o aprendizado da Lei do Amor, nos aproximando àquilo a que viemos.
Partindo do pressuposto de que só podemos dar o que já conquistamos, precisamos ter vivências que nos conduzam ao crescimento e melhoria em todas as áreas da vida. Somos hoje nossa melhor versão, mas sabemos das imensas potencialidades que temos e poderemos ainda desenvolver, trazendo à tona a centelha divina em nós, tornando-nos cocriadores nesse lar comum, com o que TEMOS e SOMOS.