O pulsar do planeta
Por Dulci Alma Hohgraefe, escritora
Ultimamente o coração do planeta anda em um certo descompasso, causado pelo descuido de seus usuários, que esqueceram de seguir o manual de instruções para sua preservação. Acelerado às vezes, outras um tanto lento, tudo por questões de exploração e agressão ao seu ecossistema, esta engrenagem criada com tanta perfeição.
Ora são suas veias, os rios que são visitados por entulhos de toda natureza, ora são os gazes emitidos poluindo seu ar, ora são os produtos químicos que agridem seu solo. Tudo isso gera desequilíbrio em sua estrutura funcional, bem como traz sérias consequências para seus moradores.
Ah, seus moradores! Todo esse processo danoso se desencadeia a partir do descaso de seus moradores, que pelo egoísmo, ganância de poder, constante competição e exacerbado orgulho, lançam-se aos mais variados descalabros. Bezerra de Menezes, em uma de suas mensagens do além, trouxe o seguinte alerta: “O profano insinua-se no divino, o vulgar no especial e o ridículo no ideal”. Infelizmente conseguimos ver este cenário de forma nítida no momento atual. Há uma inversão de valores que permeia todo o sistema, insinuando que essa prática é normal e correta.
Todos esses artifícios utilizados nessa proposta são muito sutis, e se não nos atentarmos a certos detalhes e fizermos uma análise racional, facilmente cairemos nas suas armadilhas, aceitando com naturalidade a sua implantação nefasta na sociedade.
Estamos diante de grandes avanços da inteligência humana, trazendo inúmeros benefícios à humanidade, mas infelizmente a moral não tem acompanhado esse mesmo ritmo, causando consequências desastrosas no uso de certas descobertas que são completamente desviadas do seu objetivo.
São essas as razões do descompasso do coração da nossa querida Gaia, que precisa da retomada de cuidados e respeito, pois nos acolhe de forma generosa e incondicional. Retomar certos valores em desuso, como a solidariedade, a compaixão, a responsabilidade, entre tantos que poderíamos citar, podem trazer de volta o compasso e o ritmo seguro para que a ordem se restabeleça em benefício de todos os seres animados ou inanimados dessa maravilhosa morada.