Espiritualidade: convite à plenitude
Por Dulci Alma Hohgraefe, educadora e escritora
Na era do iluminismo, o grande salto humano foi o desenvolvimento intelectual, onde o que tinha valor era o QI. Mais adiante, Golemann nos apresentou o QE, a inteligência emocional, demonstrando que não bastava um alto desempenho intelectual sem saber lidar com as emoções. Assimilado este avanço, começaram os primeiros estudos na área da física quântica, quando surgiu o QS, a inteligência espiritual; ou seja, um convite ao desenvolvimento da espiritualidade.
Mas o que podemos entender por espiritualidade? Dalai Lama nos traz uma das suas melhores definições, quando afirma que […] a espiritualidade é uma jornada humana até os nossos recursos internos, com a finalidade de entender quem somos no sentido mais profundo e de descobrir como viver de acordo com a melhor ideia possível. Isto, também, é a união da sabedoria e da compaixão.
Aí vem outra indagação: Espiritualidade tem a ver com religião? Diríamos que não existe religião sem espiritualidade, mas a espiritualidade não precisa estar necessariamente ligada a uma religião, pois ela nos traz um convite para a ampliação da nossa consciência. Esta ampliação de consciência nos encaminha para um olhar além de nós mesmos, mostrando a nossa inefável interligação e responsabilidade com tudo e todos.
Roberto Solomon define a espiritualidade como a percepção sutil e não facilmente especificável que envolve praticamente toda e qualquer coisa que transcenda ao nosso mesquinho interesse. Danah Zohar, uma das pioneiras a apresentar o QS, traz esta bela definição: “Todos temos de ‘cantar nossa canção’. Todos temos, usando nossos recursos mais profundos e nossa inteligência espiritual, de ganhar acesso à camada mais profunda de nosso verdadeiro eu e trazer dessa fonte a ‘música’ única com a qual cada ser humano tem o potencial de contribuir”. E nos diz ainda que palavras como “alegria”, “amor”, “compaixão” e “graça” referem-se a muito mais do que podemos expressar.
Está aí o convite para despertarmos, buscar algo além das necessidades biológicas, pois certamente programamos algo maior para a nossa existência, algo que nos traga sentido e significado. Assim, torna-se urgente descobrir esta missão para que possamos direcionar nossos potenciais para contribuir para a humanidade. Somos cocriadores e também responsáveis pelo status quo, e se não estamos satisfeitos com o que está posto, façamos a nossa parte rumo à plenitude.