Escola: um espaço singular
Por Dulci Alma Hohgraefe, escritora
O ser humano é essencialmente um ser de cuidado, que se faz necessário em toda sua vida. Desde seu nascimento, o cuidado é imprescindível à sobrevivência, assim como nas demais etapas. Segundo Leonardo Boff, “Tudo o que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e a viver”.
Trazendo estas assertivas para o contexto atual, podemos claramente perceber o quanto estamos descuidados, e é exatamente este alerta que a pandemia vem nos trazer. Poderíamos destacar apenas três aspectos principais: a igualdade, a interdependência e a impermanência. A igualdade no sentido de que todos estamos sujeitos às mesmas situações, sem distinção, apesar de todas as diversidades; a interdependência nos conclama à solidariedade e à compreensão de que estamos todos no mesmo espaço, que precisa ser preservado para a nossa sobrevivência, e a impermanência nos convida a viver bem o presente como melhor forma de construir um porvir de esperança.
Somos seres sociais
Todos esses aspectos não estão contemplados numa situação de isolamento, pois somos seres sociais e precisamos exercitar nossas emoções e sentimentos na relação. Também temos que ter presente que somos seres integrais, temos que atentar para o físico, emocional e espiritual.
Existem maneiras de cuidar de tudo isso com bom senso, na prática de condutas responsáveis, como as recomendadas pela ciência. Em vez do isolamento, que pode trazer sérias consequências, podemos adotar o distanciamento com todos os demais cuidados necessários. Em qualquer circunstância, o bom senso e o caminho do meio são sempre os mais sensatos. Não podemos prescindir da razão, mas também é preciso ouvir o coração.
Consciência coletiva
Precisamos urgentemente despertar para uma consciência coletiva, sob pena de sucumbirmos como humanidade. Felizmente, já há um movimento neste sentido, mas também ainda encontramos muitos indivíduos resistentes ao convite do crescimento moral.
Compreender a grandeza deste momento e a oportunidade que se nos apresenta para o nosso despertar como seres em evolução – ainda sujeitos a quedas e dificuldades, mas com todo potencial latente para a plenitude -, fará toda a diferença na superação deste momento grave.
A certeza de que não estamos à deriva e de que há um comando e uma ordem presentes, mesmo que nem sempre tenhamos essa percepção, nos trará a serenidade e a confiança necessárias para seguirmos em frente, despertando a cada dia um pouco mais da centelha divina em nós, ensejando a conquista do amor incondicional.
Sobre a autora
Sobre a autora
Dulci Alma Hohgraefe nasceu no interior de Restinga Seca (RS), em 1953, e atualmente reside em Santa Cruz do Sul. Cursou Letras na atual Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC-RS), onde também fez pós-graduação em Supervisão Escolar e ainda cursou o Mestrado em Educação na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS). Lançou com a Editora Vírtua, em 2020, os livros “Desvelando a alma” e “Clarinha no mundo”.